Voluntários de ONG 'emprestam' as pernas para que jovens que não conseguem andar participem de corridas: 'Alegria de servir as pessoas'

  • 06/04/2025
(Foto: Reprodução)
Projeto 'Galera Empresto' realiza encontros ao ar livre para convivência de pessoas com ou sem deficiência para a prática de corridas com triciclos. Segundo especialista, este tipo de atividade promove qualidade de vida para PCDs. Projeto 'Galera Empresto' promove corridas de PCDs com ajuda de voluntários em Sorocaba (SP) Salvio Neto/Arquivo pessoal Tornar real a possibilidade de pessoas com dificuldade de mobilidade "correrem" e disputem campeonatos é o principal objetivo de um grupo de voluntários de uma ONG de Sorocaba, no interior de São Paulo. Por lá, eles "emprestam" suas pernas para a prática esportiva inclusiva. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp A organização "Galera Empresto" surgiu a partir de outra ONG localizada na baixada santista, que realiza atividades aquáticas com pessoas com deficiências. A partir desta premissa de ajudar o próximo a praticar esportes, a ONG da região de Sorocaba promove corridas em triciclos adaptados para crianças ou adultos, que são empurrados por voluntários. Este domingo (6) é marcado pela celebração do Dia Nacional de Mobilização pela Promoção da Saúde e Qualidade de Vida e, por isso, o g1 conversou com o voluntário e coordenador de atividades da ONG, Carlos Salvio Neto, engenheiro de 62 anos, que explicou como os treinos, encontros e competições do projeto são realizados e como arrecadam fundos para promover as atividades. "Desde o inicio do projeto aqui em Sorocaba, eu fiz parte, porque eles (ONG) foram em um clube que sou membro e me sensibilizei com a ideia. Já fazem sete anos", lembrou o coordenador. Carlos Salvio, coordenador de atividades da 'Galera Empresto' em Sorocaba (SP) e o atleta Daniel Silva Galera Empresto/Divulgação Segundo Carlos Salvio, os encontros são feitos na sede da organização ou na região do Parque das Águas aos domingos, das 8h às 10h. A ONG se mantém a partir de doações e parcerias, mas além disso, também incentiva a sustentabilidade com a arrecadação de tampinhas plásticas, lacres e a realização de bazares de roupas e brinquedos. "Recebemos doações de clubes como mais triciclos, mas também as tampinha e lacres, que recebemos de escolas e das pessoas. Depois fazemos a separação e vendemos isso. Esse dinheiro paga o valor do aluguel da sede e da manutenção dos triciclos", conta Salvio. ONG 'Galera Empresto', de Sorocaba (SP), recolhe itens sustentáveis e promove bazares para arrecadar fundos Galera Empresto/Divulgação 🚩 Lazer além da assistência 👨‍🦽 Salvio também contou ao g1 que outro destaque do projeto é que ele promove lazer às pessoas com deficiências aos domingos, indo além de instituições que fornecem assistência em dias de semana, justamente por existir uma certa monotonia para PCDs quando se trata de entretenimento adaptado fora de casa. "É muito gratificante, porque estamos fazendo inclusão de pessoas que só têm assistências de unidades que o PCD vai, fica algumas horas e, no fim de semana, não tem algo para fazer", argumenta. "Nos traz uma alegria muito grande participar do projeto, e essa alegria está em servir as pessoas. Elas normalmente ficam mais alegres e quando você dedica seu tempo para alguém e faz ela ficar bem", acrescenta o coordenador. ONG 'Galera Empresto', de Sorocaba (SP), arrecada tampinhas plásticas e promove sustentabilidade Galera Empresto/Divulgação A técnica em desenvolvimento de tecnologia nuclear e defesa, Juliana Mendes Nogueira, de 31 anos, também de Sorocaba, é voluntária com o marido no projeto. Ela conta que sempre considerou participar, mas brincava que não corria nem por ela mesma e que talvez não conseguiria fazer isso por alguém, mas acabou cedendo à vontade ao ver a largada das crianças em uma corrida promovida pelo Sesc, no Parque das Águas. "Não importa se eu não sou a mais rápida ou se, durante o percurso, acabo andando em alguns momentos, isso não diminui o valor da experiência. O mais importante é estar ali, compartilhando aquele momento de liberdade com as crianças", declara Juliana. Juliana sentada no triciclo rosa, revezando com uma colega voluntária durante treino em Sorocaba (SP) Juliana Nogueira/Arquivo pessoal ♿ Esporte adaptado em família As emoções das corridas também são sentidas entre mãe e filho que moram em Sorocaba. Vanessa Cristina da Silva, de 46 anos, e Daniel Camillo da Silva Ribeiro, de 17, possuem deficiências que afetam a mobilidade, mas isso não os impede de praticar o esporte. Muito pelo contrário: é o que os motiva a continuar praticando e a melhorar a qualidade de vida, assim como conquistar medalhas. "Eu tenho uma síndrome que se chama neurofibromatose tipo 1, meu filho tem 10 CIDs (Classificação Internacional de Doenças) como autismo, deficiência intelectual, entre outras. Ele não fala e tem problemas de mobilidade", explica Vanessa. Vanessa e Daniel correm com a ONG 'Galera Empresto' de Sorocaba (SP) Vanessa Silva/Arquivo pessoal A família começou a treinar com a ONG há seis anos e, para Vanessa, a experiência foi muito positiva, pois nunca tinha praticado qualquer tipo de esporte antes e até se considerava sedentária. "Antes dos 41 anos eu não fazia esporte nenhum, a rotina era só levar o Daniel nas terapias e eu era sedentária. Hoje, com as corridas, percebi que tenho mais disposição para rotina que eu tenho com ele", conta. "Nesse tempo que estamos nas corridas, o Daniel já tem mais mais ou menos 64 medalhas e eu tenho 54. Já participei de duas edições da corrida São Silvestre e esse ano meu filho também vai participar pela primeira vez", acrescenta Vanessa. Vanessa e o filho Daniel possuem deficiências que afetam a mobilidade, mas ambos participam de corridas adaptadas com a ONG de Sorocaba (SP) Vanessa Silva/Arquivo pessoal Para Vanessa, levar o filho aos treinos é uma forma de lhe proporcionar mais lazer e qualidade de vida através do esporte, pois o jovem está em outro ambiente, convivendo com novas pessoas e vivenciando uma energia diferente da rotina que tem em casa ou em suas consultas. "Nas corridas, é o momento também que eu tenho para mim, sem me preocupar com o Daniel. Eu sei que quem estiver conduzindo ele, está cuidando bem dele. Meu filho corre com os guias que são voluntários do projeto e gosta muito. Geralmente quem leva ele é o Salvio ou o Kleiton e meu filho tem um carinho muito grande com eles", finaliza a mãe. Carlos Salvio guiando Daniel e a direita, o voluntário Kleiton, em Sorocaba (SP) Vanessa Silva/Arquivo pessoal 🧩Benefícios à saúde A fim de identificar quais são os benefícios da prática de atividades físicas para pessoas com deficiência, o g1 conversou com a psicóloga Vanessa França, especialista em teoria cognitiva comportamental, de Sorocaba. Segundo ela, a atividade física é uma ferramenta poderosa para promover a saúde mental e física de todas as pessoas, independentemente de suas habilidades ou limitações. Porém, para PCDs, atividades físicas trazem ainda mais benefícios e mais qualidade de vida. Confira: Melhoria da autoestima: Pode ajudar as pessoas com deficiência a se sentirem mais confiantes e capazes, melhorando sua autoestima e autoimagem; Redução do estresse e ansiedade: Exercícios regulares podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, que são comuns entre as pessoas com deficiência; Melhoria da saúde mental: Pode ajudar a prevenir ou gerenciar condições de saúde mental, como depressão e ansiedade; Desenvolvimento de habilidades sociais: Atividades físicas em grupo podem ajudar as pessoas com deficiência a desenvolver habilidades sociais, como comunicação e cooperação. Vanessa ainda destaca a importância de antes de iniciar qualquer atividade física, consultar um médico para que o especialista avalie as condições de saúde de cada atleta e faça as orientações de forma específica às suas condições. Vanessa finaliza dizendo que é preciso começar devagar, com sessões curtas e "se encontrar" em alguma atividade física, para que ela seja prazerosa e permita criar uma motivação para continuar. "Existem diversas atividades físicas adaptadas que podem ser realizadas por pessoas com deficiência, como basquete em cadeira de rodas, futebol para cegos e natação. Também existem atividades como dança, yoga, pilates ou atividades individuais como caminhada, corrida e ciclismo, que podem ser adaptadas para pessoas com deficiência e realizadas individualmente", explicou a psicóloga. Psicóloga Vanessa França, de Sorocaba (SP), fala como atividades dísicas promovem qualidade de vida para Vanessa França/Arquivo pessoal ONG de Sorocaba (SP) 'Galera Empresto' promove atividades inclusivas com PCDs Galera Empresto/Divulgação Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2025/04/06/voluntarios-de-ong-emprestam-as-pernas-para-que-jovens-que-nao-conseguem-andar-participem-de-corridas-alegria-de-servir-as-pessoas.ghtml


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